Marcos Tecora Teles

Marcos Tecora Teles

Wednesday, November 16, 2011

Mais um Super Lançamento Selo Povo


A Selo Povo tem a honra de convidar para mais uma noite de festa, onde o livro roxo da coleção ganha vida, nessa noite teremos o lançamento de Oh! Margem! Reinventa os Rios! de Cidinha da Silva, é Minas Gerais se firmando na Literatura Marginal.

Tuesday, October 18, 2011

Comentário de um Gay Inteligente.



Retirado de uma comunidade do Orkut.
Comentário de um gay inteligente.
Enfim, alguém tremendamente lúcido, inteligente, esclarecido e principalmente uma pessoa que respeita e merece respeito.

Tenho 42 anos, sou gay, torcedor do cruzeiro, advogado e moro em Londres.
Nunca sofri nenhum tipo de discriminação em virtude de minha orientação sexual.
E como gay, penso que tenho alguma autoridade nesse assunto.
Primeiramente - e já contrariando a turba - gostaria de expressar minha sincera simpatia pelo Deputado Bolsonaro, que no fundo deve ser uma pessoa de uma doçura ímpar, apesar de suas manifestações "grosseiras e/ou politicamente incorretas".
Mas ele está corretíssimo em suas ponderações sobre as ideias dos gays brasileiros.
Vou direto ao assunto.
Nunca tive problemas em ser homossexual, porque sou uma pessoa comum, quase igual à vida de qualquer heterossexual.
Esse negócio de viver a vida expressando diuturnamente sua sexualidade é uma doença.
A sexualidade é algo que se encontra na esfera da intimidade e não diz respeito a ninguém.
Não tenho trejeitos e não aprecio quem os tem.
Para mim, qualquer tipo de extremo é patológico.
Minha vida é dedicada e focada em outras coisas, principalmente o trabalho.
Outros, como doentes que são, vivem a vida focados na sexualidade.
O machão grosseiro e mulherengo ou a bicha louca demonstram bem estes extremos.
Qualquer tipo de pervertido ou depravado (como a Preta Gil), o pedófilo, estão neste mesmo barco.
Nunca fui numa parada gay e jamais irei, pois para mim aquilo é um circo de loucas horrorosas, uma apologia à bizarrice e à cocaína.
Sejam francos e falem a verdade!
Hoje aplaudimos o bizarro e a perversão doentia e ainda levamos nossos filhos pra assistir esses desfiles.
Se a parada gay realmente fosse um ato político, relembrando sua real importância histórica, muito bem caberia no carnaval - abrindo o desfile das escolas de samba. Muito mais apropriado.
Está rolando sim, um movimento das bichas enlouquecidas, no sentido de transformar o mundo num grande puteiro-hospício gay.
Eu tenho um sobrinho de 11 anos e nunca senti a necessidade de explicar para ele que o "titio é gay" - isto é uma palhaçada.
As crianças devem ser educadas no sentido de respeitar o próximo e ponto.
Isto engloba tudo.
Se pararmos para olhar como o mundo se encontra, temos que reconhecer que o modelo de educação que se desenvolve há décadas foi criado no sentido de deseducar e desestruturar cultural e intelectualmente as massas.
Universidades por todo mundo vomitam milhões de pseudos-intelectuais todos os anos, mas tudo piora a cada dia e caminhamos a passos largos para o buraco.
Todos os governos do mundo conspiram contra seus próprios cidadãos e se transformaram em grandes máfias, junto com os Bancos e as Corporações estão levando tudo, inclusive (e principalmente) nossa própria humanidade.
A corrupção se alastra pelo globo e nunca vimos tantas guerras e descrições que vão desde o aspecto moral, até o material - a destruição de nosso próprio planeta.
A coisa está tão feia, mas tão feia, que somente uma intervenção "divina" é capaz de frear nossos insanos governantes e a turba alucinada.

E digo mais !
A fonte desse movimento encontra-se dentro da Rede Globo, onde a viadagem anda solta, desde muito tempo atrás.
Os maiores interessados no crescimento desse movimento gay são os diretores dessa TV desumana, a Globo, que no fundo no fundo, incita as crianças e jovens a assumirem um lado feminino, que em tese, às vezes nem existe de fato.
Se ninguém disser um chega BEM ALTO a essa gayzada frenética, a coisa sairá dos limites - como já está saindo.
Essa é a expressão de milhares e milhares de pessoas, para não dizer milhões.

Friday, September 09, 2011

Só Pra Falar do Meu Avô


Em uma noite clara, no começo dos anos 70 eu desembarquei na rodoviária Julio Prestes. Chegava em São Paulo, trazido por meu avô.
A noite era quente e estrelada.Entramos num velho táxi DKV e seguimos para o Capão Redondo.Rua Humberto Pascale,onde eu vim morar.
Meu avô era um homem do sertão. Amava o trabalho, amava gente e plantas. Meu avô era apaixonado pela vida, mas a vida não foi tão justa com ele.
Meu avô levou uma queda e teve um ferimento na perna.Durante anos sofreu com a ferida e nunca esmoreceu.Prosseguiu trabalhando, até que um dia teve que amputar a perna. Foi um tempo difícil pra mim. Ele passou meses internando e fiquei todo esse tempo sem vê-lo.
Em uma tarde de domingo uma ambulância parou na porta de casa.Quando a porta do carro se abriu ele estava lá dentro,sorrindo e com o rosto iluminado... Estava sendo transferido para um centro de recuperação em Itapecerica da Serra, agora eu ia poder vê-lo todos os dias.
Meu avô era um ser diferente. Desses raros, que nascem a cada mil anos e nos faz entender o sentido exato da vida. Me ensinou a amar o trabalho e a respeitar o suor que cai do rosto de quem luta.
Por amar gente e plantas, não podia ver um terreno vazio que logo ia pedir para o proprietário deixar que ele limpasse e cultivasse alguma plantação. E era isso que ele fazia, juntava a molecada, e íamos todos cuidar do pequeno pedaço de terra. Ali ele plantava milho, mandioca, batata-doce, hortaliças e depois que tudo crescia ele saía distribuindo para as pessoas da vila. Confesso que também gostava de fazer aquilo...
Ele gostava de contar histórias, de reunir pessoas ao seu redor, gostava de distribuir carinho e atenção. Ele dizia que tinha um sonho. De um dia poder ver brotar homens da terra. Tinha o sonho de plantar uma semente mágica e ao invés de uma árvore, surgir gente.
Meu avô morreu em julho de 1985. A última horta que plantou foi na Rua John Adams número 50, ele não viu brotar.
Sinto muito a falta dele, penso nele todos os dias. Às vezes quando as coisas não caminham bem,me pergunto o que ele me diria para fazer.Por tudo que me ensinou,por todo o amor que me deu,ele sempre será minha bússola e meu porto seguro.
Meu avô sonhava em ver homens brotando da terra. Exatamente onde plantou sua última horta é a sede de nosso projeto. Pena ele não estar aqui pra ver... Onde lançou sua última semente, vamos colher cidadãos.

Wednesday, August 17, 2011

Só Preciso do que Mereço



Não vou mais tentar entender o que se passa na mente da maioria das pessoas.
O que sei é muitos não fazem nada, não querem fazer nada, reclamam de tudo, são contra tudo e querem que tudo lhes seja colocado nas mãos. Simplesmente ficam sentados em casa, nos botecos e não se importam com nada, apenas com vida dos outros. Querem conforto sem sacrifícios e querem luxo sem esforço.
Confesso que ando cansado de ouvir lamúrias e ver tanta preguiça, má vontade e tantos outros sentimentos negativos.
Sei que a vida é boa...
Tenho muitas tarefas diárias e ainda assim, todos os dias procuro algo novo pra fazer, pra ocupar ainda mais o tempo. E já nem lembro há quanto tempo não tenho dinheiro, mas tem sempre alguém segurando a barra pra mim. Um amigo ajuda a pagar o aluguel, outro paga a cerveja, se não tiver uma carona, ando a pé, e por aí vai...
O fato é que estou sempre trabalhando, estou sempre querendo mudar o destino de alguém, com uma palavra, uma ideia,ouvindo,ajudando a encher uma laje, escrevendo uma carta, e tantas outras coisas, coisas simples para alguns e importantes para tantos outros... Não há graça em ser feliz sozinho...
Sempre penso como o agricultor, que levanta cedo todo dia, vai arar a terra, plantar a semente, regar as mudas, mas sempre com a certeza que não há certeza. Se chover muito a plantação alaga, se não chover, não terá frutos. O agricultor sabe que depende do clima e do tempo, e não é só do seu próprio tempo, por isso o agricultor apenas trabalha...
É assim que toco minha vida, trabalhando, para que a vida de meus amigos e de minha comunidade seja melhor.
Não que eu não goste de dinheiro, penso que o dinheiro é pra ser usado como ferramenta de transformação e de progresso. O dinheiro tem que ser conquistado com esforço e satisfação.
Essa nossa sociedade entorpecida precisa acordar e ver que o bem estar de todos depende de cada um.
Acho que tenho tudo o que preciso e só preciso do que mereço.

Wednesday, August 10, 2011

O Primeiro Dia do Resto de Minha Vida



Ontem dia 08 de agosto de 2011,foi mais um dia em que nasci. Tornou-se tão especial pra mim que não sei se vou conseguir descrever.
O destino colocou no meu caminho um jovem professor,Flávio,ele dá aulas em uma escola em Osasco.
Flávio fez um trabalho com seus alunos e juntaram sacos de moedas e compraram sessenta exemplares do meu livro.O mais bonito foi como eles se entregaram de corpo e alma neste propósito,o de todos lerem e fazerem um trabalho com o livro.Eles conseguiram...
Enfim,fui conhecer meus novos amigos e foi maravilhoso...
A recepção foi calorosa,como se nos conhecêssemos há tempos.Fomos apresentados e foi muita emoção,nossa conversa,a troca de energia,tudo perfeito.
Renasci na Escola Antonio Carlos da Trindade...
Ver tanto carinho com meu livro,foi muito,mas muito mais significativo do que qualquer prêmio.
Não tenho palavras para agradecer todos da escola,a direção,aos professores e principalmente as crianças,que me deram uma lição de como ser alguém importante sem ser orgulhoso.
A visita ao colégio Antonio Carlos da Trindade me deu uma certeza, que eu já pensava ter perdido,eles me deram a garantia de que teremos futuro,sim!

Thursday, August 04, 2011

Capão Redondo na Tv ! Vergonha!

Não sei quantos de vocês puderam assistir ao programa A Liga na Rede Bandeirantes na última terça-feira dia 02 de agosto.Quem não viu não perdeu seu tempo.
Pra começar a falar sobre o assunto,quero dizer que foi no mínimo vergonhoso.Um programa produzido de forma mentirosa e tendenciosa.Colocando o Capão Redondo como um lugar violento,onde só vivem miseráveis e desamparados.Temos muitos problemas sim,mas são muito menores do que o abordado.Simplesmente esconderam todas as conquistas granjeadas em muitos anos.Conquistas de moradores,lideranças,políticos,empresários e toda a sociedade civil organizada.A Tv Bandeirantes se colocou ao lado da ilegalidade,dando destaque a eventos que a maioria da população não aceita ou tolera.
A Tv Bandeirantes e seu péssimo programa A Liga,não tiveram a decência de mostrar a transformação cultural que o Capão Redondo está vivendo,não tiveram decência de mostrar o crescimento econômico do bairro.
Como sempre,parte da mídia,adora a exploração do ser humano,apostando no "coitadismo" para vender mais caro seus horários.
A falta de ética e profissionalismo da produção do deprimente programa deixou evidente que faltou bom senso jornalístico(se é que se pode chamar aquilo de jornalismo).
O Capão Redondo é hoje um bairro em profunda transformação.Lutamos muito por espaços de cultura,hoje temos alguns,pode ser pouco,mas é significativo.
Não podemos tirar das pessoas o mérito por ter aberto horizontes e perspectivas de conquistas.
Não sei a que interesses a Tv Bandeirantes serve.Para a maioria das pessoas do Capão Redondo ficou a decepção em ver tantos anos de luta,tentando apagar da nossa história tempos difíceis e doloridos,simplesmente jogados no lixo em tão porca matéria.
O que posso afirmar é que o Capão Redondo já foi um poço de violência,mas hoje,hoje é um caldeirão de cultura.

Tuesday, July 26, 2011

Sultans of Swing


O primeiro disco que comprei na vida.Custou cinquenta mil cruzeiros,valeu à pena...
Um dia de trabalho em uma revista(meu primeiro trabalho foi em uma revista,agora que me dei conta!)
Ainda me recordo da felicidade,quando o vendedor o colocou pra tocar na vitrola da loja.Levei pra casa,como se tivesse levando cristais,com medo que caísse,que quebrasse...
Quando coloquei na vitrolinha(nem me lembro mais a marca,sei que abria e a tampa era o alto-falante)foi uma emoção ouvir os acordes de Sultans of Swing,inesquecível...

Thursday, July 21, 2011

Primeiro Sarau da Coopermusp

Tuesday, July 19, 2011

Primeiro Sarau da Coopermusp



Primeiro Sarau da Coopermusp

Levando: Cultura, Arte, Música e informação para a Comunidade.

Participações especiais:

Escritor Marcos Teles ( Livro : Sob o Azul do Céu), Poeta Sergio Vaz (Sarau da Cooperifa),
Grupo de Rap Negredo (Família Racionais e 1 Da Sul),
Poeta Luciano Vida, Cantora de Rap Martinha da Vila fundão e
Dj. Estevan e muito mais...
Data : 30 de Julho -19:00 às 22:00
Local: Sede Da Cooopermusp

Rua John Adams -50 -Jardim São Bento-Capão Redondo.

Para maiores informações: 11 5872-2883, 11 8243-6749(tim) ou 6569-2763(oi).

Apoio:

Comunidade Nova História, Big Fusão Festas e Eventos, Coopermusp e Gráfica Ponto Print.

Thursday, July 14, 2011

Deep Web -O lado escuro da internet

O Lado Escuro da Internet:

Retirado de uma comunidade do Orkut

O que é:
Deep Web (também conhecido como Deepnet, Darknet, Undernet ou invisible net) é o nome dado aos sites e comunidades virtuais que não são encontrados por mecanismos de busca convencionais, ou seja, não estão na superfície da internet. Simplificando melhor, sites que não são achados no Google, e só conseguem ser encontrados por meios avançados de busca ou por sistema de encriptação avançados. Usando de metatags especificas é possível ocultar um site ou fórum de buscadores. As maiorias dos Deep Sites não usam endereços comuns e muitas vezes não usam o formato HTML, o que dificulta muito sua busca. Por incrível que pareça, a Deep Web parece ser maior do que a surface da web. O pesquisador americano Michael Bergman, uma das maiores autoridades no assunto, diz acreditar que a Deep Web é cerca de 500 vezes maior do que a internet que temos acesso. A questão é, o que a Deep Web pode esconder?
É claro que muitos dos sites ocultos podem ser apenas páginas comuns, de grupos específicos que não querem ser incomodados pela grande massa de usuários comuns de internet, mas a Deep Web também é o lar dos criminosos da internet. Hackers trocando vírus, pedófilos compartilhando pornografia infantil, venda de drogas, seitas satânicas, comércio de órgãos, redes de terrorismo… Todos agindo livremente na internet, longe dos olhos dos usuários comuns…
● Em 2003 um caso chocou a Alemanha e foi noticia no mundo todo. Um canibal confessou em um tribunal ter matado e comido uma pessoa a pedido da própria vítima. O "Canibal de Rotenburg", como ficou conhecido, diz ter conhecido a vitima e combinado como tudo seria feito através da internet. Uma investigação da policia levou a uma rede de fóruns de canibalismo escondidos na Deep Net. "Cannibal Cafe", "Guy Cannibals" e "Torturenet" eram páginas usadas pelos canibais para marcar encontros e selecionar vitimas para a prática de canibalismo.

● Acredita-se que um fórum oculto de uma famosa universidade foi o responsavel pela queda do Google na China. Depois, por diversos motivos, o Google afirmou ter sido por ordem do governo Chinês.
Como encontrar Deep Sites:
-
Antes de sair se caçando links ocultos por aí é importante saber que a Deep Net não é recomendada para usuários comuns. Os riscos de se pegar um vírus, malware ou de acabar vendo coisas "desagradáveis" é incalculável. A maioria dos sites da Deep Web só podem ser acessados com programas e navegadores específicos, como o Freenet ou o Thor, que garantem o anonimato de quem está navegando. Hoje existem ferramentas de busca destinadas a exploração da Deep Net, mas é provável que ela só consiga atingir a primeira camada da rede de sites ocultos. Mas deixo alguns links para quem quer se aventurar no lado obscuro da internet:
-
Ferramentas de busca de Deep sites
http://www.deeppeep.org/
http://www.incywincy.com/
http://www.deepwebtech.com/
http://www.scirus.com/srsapp/
http://www.techxtra.ac.uk/index.html
http://aip.completeplanet.com/
http://www.deepwebwiki.com/wiki/index.php/Main_Page
-
Site do Freenet (contem link para download do programa):
http://freenetproject.org/

Friday, July 08, 2011

Colombiana

Um dia ele quis sair de casa
E se jogar de cara no mundo
Nunca pensou sofrer
Mas caiu num abismo profundo
Esculpiu planos, estratégias
A metrópole não o assustava
Com espadas de madeira, era guerreiro
Como todo menino sonhava
Mas chegou a hora de crescer
Hei! Juventude desesperada
Sem lágrimas pra chorar
Procurando tardes de domingo
Ou um poste pra se enforcar
A solidão o acompanha
Seus companheiros de apartamento
São seus devaneios seus sonhos
Mas seu espelho lhe obriga ver
Não é o homem que queria ser
Não é o homem que podia ser

Hoje tem amiga de solidão
Uma bruxa colombiana
Uma aranha que lhe prende a sua teia
Viaja, viaja ao centro do seu coração
Sempre se vê procurando uma veia
Com uma agulha presa à mão...

Friday, June 17, 2011

Sob o Azul do Céu no Sarau do Binho!



Lançamento Selo Povo

Sob o Azul do Céu (Marcos Teles)


Sarau do Binho

Dia 27 de Junho

20 horas

Rua Avelino Lemos Jr. 60

Campo Limpo.

Wednesday, June 15, 2011

Somos Muito Parecidos


Somos Muito Parecidos


Se eu pudesse falar
Iria te dizer como me sinto
Cada vez que você me ignora
Cada vez que você me abandona
Cada vez que você me joga fora
Eu te amo e não te cobro nada
Eu te protejo e te aceito
Eu entendo tua angústia e solidão
Sou eu quem respeita tua tristeza
Sei que às vezes te atrapalho
Sou um pouco chato e dou trabalho
Mas o que fazer se sou louco por você?
Eu só quero é ficar por perto
Se eu pudesse falar
Também iria te perguntar
Por que quer a minha pele?
De quantas peles você precisa?
A tua pele já é tão bonita
A minha serve só pra me proteger
Minha pele é minha roupa
Também tenho vergonha de andar nu
Nós somos muito parecidos
Mas sofro mais do que você
No zoológico sou apenas atração
Fico exposto em pequeno espaço
Acredite, também tenho um coração
Sou só um animal indefeso
Não me abandone, não me envenene
Não me machuque, não me odeie
Não compre minha pele
Me liberte , me aceite
Se não pode me amar, apenas me respeite
Sou um animal e não sei o que é o errado
Também não sei o que é o certo
Eu e você somos muito parecidos
E eu só quero é ficar por perto.

Friday, May 20, 2011

Clube do Coração Solitário



Como em quase todos os dias, acordei cedo, tomei banho, engoli um pedaço de pão e saí correndo. Já estava atrasada para o trabalho.
A distância de casa até minha loja não era assim tão grande, mas o trânsito era imprevisível.E eu me sentia péssima, não dormira bem, as constantes discussões com meu marido estavam me deixando cada dia mais deprimida. Depois de muitos anos de convivência, esta fase que estávamos passando parecia arrasadora e definitiva.
O trabalho na loja da família me distraía, as meninas que trabalhavam comigo haviam se tornado companheiras e a elas eu relatava meus sentimentos e angústias.E elas me ouviam, me deixavam chorar e me consolavam.
Sempre fui recatada.Sempre fui o retrato de uma mulher criada em um universo machista. Deixei a casa de papai para me casar...e por isso, talvez, o respeito excessivo, o medo de expressar minhas ideias, minhas dúvidas e a serviliência quase autoescravizante.
Minha vida estava uma porcaria, minha vida se resumia em somente cuidar da loja, do “senhor” marido e de dois filhos adultos preguiçosos. Durante anos vivi assim. Até aquela quarta-feira...
O dia começara preguiçoso, eu estava como sempre cansada, triste, decepcionada com a vida, a família, os amigos...eu queria mesmo era morrer.
Claudia, uma de minhas funcionárias me trouxe um café forte e disse que era pra me ajudar a encarar mais um dia. Me aconselhou a procurar novas amizades,mesmo que fossem virtuais,me incentivou a entrar em salas de bate-papo para pessoas maduras.Hesitei no início, relutei e por fim tive coragem.
Digitei um apelido e entrei na sala.Fiquei observando e lendo as “conversas”. Não queria páginas com conteúdo pornográfico, por isso precisava sondar o território.Fui ficando ali, achava engraçado algumas perguntas, as frases feitas, as paixões instantâneas que as pessoas expressavam...e gostei.
Um apelido me chamou atenção, CCS, quase todas as mulheres na sala “conversavam” com ele, eu não sabia o que ele respondia. Então, lhe enviei um tímido olá.
A resposta veio demorada, porém carregada de educação e gentileza, ele perguntou de onde eu teclava, me “disse” coisas bonitas, me senti feliz.Teclamos por um longo tempo, ele se despediu e prometeu “voltar” mais tarde.Voltei ao meu trabalho.
No final da tarde, novamente entrei na sala, lá estava ele, eu disse boa tarde, ele me respondeu com letras maiúsculas um outro boa tarde.Teclamos, ele falou sobre sua vida, falei da minha (escondendo muito do que vivia realmente), ele parecia ser confiável.Gostei de sua conversa, da maneira que ele via o mundo, de como entendia as pessoas, de como respeitava as ideias alheias e da solidariedade que parecia lhe ser inerente.
Foi com certa melancolia que me despedi de meu novo amigo aquela tarde.Tive vontade de acelerar o tempo, amanhã estava muito longe...
Mais um dia de trabalho, nem bem arrumei minhas coisas rotineiras, sentei na frente do computador e lá estava ele.Não tive coragem de lhe confessar que sonhara com aquele apelido, que eu havia passado a noite em claro contando as horas para o dia clarear.Tudo que ela havia dito sobre relacionamento, solidão...era como se já me conhecesse.
Passamos o dia teclando, ele me convidou para usarmos o Messenger, fiquei um pouco receosa, assim mesmo aceitei o convite.Não havia uma foto, no lugar apenas um avatar com três letras,CCS. Passamos quase o dia inteiro teclando, até que ele me deu o número do seu telefone.Disse a ele que não poderia ligar, que eu era uma mulher casada, madura, com filhos, lhe dei todos os motivos possíveis para escapar daquela “armadilha”. Não consegui, a curiosidade, a vontade de conhecer a voz por trás do apelido, de ouvir o som daquelas palavras doces que ele escrevia me encorajaram e liguei.Eu disse um alô inseguro e esperei a voz que viria do outro lado da linha.Tremi e transpirei, me senti com quinze anos, com o coração na boca.Curiosa e com medo.Medo do que estava sentindo naquele instante.Foi libertador.
Quinze dias depois da primeira ligação, já me sentia envolvida por aquele homem, já tínhamos nos visto pela web cam. Parecia inacreditável, ele já era parte da minha vida.
Ele queria me conhecer de forma real, me falou que queria me dizer olhando nos olhos tudo que dizia na vida virtual.Eu relutava, morria de medo de que me vissem em companhia de um completo desconhecido, mas as meninas me incentivaram, e marcamos um encontro.
Ele me esperava na rua paralela a estação, encostei o carro, buzinei, minhas pernas tremiam, eu podia ouvira as batidas do meu coração.Ele veio se aproximando devagar, colocou a cabeça pra dentro do carro e me beijou.Um beijo longo que me fez estremecer e esquecer minha condição de esposa fiel e mãe presente.Abri a porta do carro ele entrou, rodamos por algumas ruas e sem consultá-lo entrei em um motel.Ele não pareceu surpreso, apenas me perguntou se eu tinha certeza se queria realmente fazer aquilo. Respondi que lá dentro decidiria.
Entramos no quarto, ele sentou-se na cama e me olhava, eu permaneci em pé olhando dentro dos seus olhos.Abri os botões de minha blusa e coloquei sua mão sobre meio seio, lhe pedi pra sentir meu coração, ele sorriu e me acariciou.Seu toque me fez jogar fora todos os tabus que me privaram a vida inteira de ser mulher e humana. Seu toque me fez jogar fora todos os meus conceitos judaico-cristãos, de família, igreja e moral.Eu queria era ser amada, precisava me sentir mulher, amante, traidora, dominadora.Dona do meu mundo.Nos amamos sem medo do pecado e sem medo do inferno...
Na esquina em frente à estação ele desceu do carro, me beijou e partiu.Perguntei se nos veríamos de novo e ele disse que não.
Demorei um tempo pra entender sua afirmação.Primeiro me senti desprezada, achando que ele não gostou de ter feito amor comigo. Somente tempos depois pude perceber que ele me amou de verdade. Uma única vez, mas foi pra sempre.
Tive coragem e contei para meu marido e meus filhos, lhes falei que queria ir embora, que iria viver só.Meu marido mesmo sabendo de tudo, me permitiu ficar em casa, que não precisaria sair. No fundo, no fundo ele não me condenou.
No dia do nascimento do meu primeiro neto, meu marido me convidou pra tomar um drink, que fôssemos comemorar.Há tempos não tinha bebido tanto, eu estava radiante e feliz de verdade, meu marido segurou minhas mãos e disse que nunca havia me visto tão linda.Falei que ele estava sendo gentil, ele disse que não,que era verdadeiro o que estava dizendo.Ele se ajoelhou e disse que ainda me amava.Fiquei emocionada e percebi que nunca havia deixado de amá-lo também.
Eu e meu marido estamos nos conhecendo novamente, descobrindo novos lugares e nos permitindo mais.
Nunca mais entrei em salas de bate- papo,ainda lembro do homem a quem amei eternamente por uma única vez. Sei que errei ao me envolver.O que me conforta é ter a certeza que ele mudou minha vida.Apaguei o CCS do meu computador, não faço mais parte do Clube do Coração Solitário.
Meu nome é Rita de Cássia e quero morrer de amor.

Monday, May 16, 2011

Sob o Azul do Céu.Livro Selo Povo


Título: Sob o Azul do Céu –Histórias das ruas
Autor: Marcos Teles

Editora: Literatura Marginal

Coleção Selo Povo
Revisão e preparação de texto: Alexandre Barbosa de Souza
Projeto gráfico: Paulo Vidal de Castro & Thais Vilanova
Coordenação: Marcelo Martorelli Vessoni
Formato: 10 x 16 cm
Número de páginas: 80
ISBN-13: 9788562848025

"A Literatura Marginal exige que alguns parâmetros críticos sobre a definição de cultura sejam revistos.Na intenção de transmitir as manifestações culturais da sociedade, a Selo Povo, com muita alegria, apresenta um novo contista.Marcos Teles."

Ferréz

Tuesday, May 10, 2011

Nós e o Tempo


P
Precisamos olhar para trás e ver quantas estradas ficaram sob nossos pés.Quantos muros por nós foram grafitados.
Precisamos olhar pra cima de novo,quantas vezes os nossos sonhos rasgaram o céu azul.
Olhar pra cima e lembrar por quantas vezes fomos importantes,por quantas vezes o mundo se preocupou com a gente?
Precisamos sentir de novo a brisa,quantos lamentos lançados e por ela espalhados.
Precisamos lembrar;vivemos intensamente,choramos.precisamos lembrar que também sorrimos muito,que estradas difíceis foram vencidas por nossos pés andarilhos e que nossa indisfarçável arrogância não foi contida pelos anos...
Sim,ainda somos jovens,com as aparentes marcas do tempo,ainda somos jovens e envelhecemos como montanhas.
Precisamos lembrar por quantas vezes passamos borracha no mal e contamos discos-voadores sobre nossas cabeças, quantas vezes fomos loucos e loucos tão lúcidos.O fato é que ainda somos...
Precisamos lembrar,nos jogamos de cabeça no mundo,quebramos a cara e sorrimos satisfeitos,um dia vencemos o mal...
Também não podemos esquecer,já vivemos em tribos,feito índios,vivemos em paz,sem trancas e sem fronteiras.nossas armas ,as palavras.qualquer música ,nosso hino.um sorriso,um irmão.Jamais podemos esquecer,soubemos ser odiados de bocas caladas,mas soubemos amar e amar e amar...
Quantas vezes nos jogaram pedras,em troca devolvíamos flores,cuspiram em nós,nos calamos.Mas hoje ainda somos jovens,com rugas e sem ódio.
Sim ,ainda somos jovens,ainda tiramos poesia das calçadas sujas de catarro,falamos de amor respirando o ar envenenado.
Ainda somos os mesmos, jovens e poetas, sem esquecer que um dia escrevemos sobre nossas dores,nossas esperanças e nossos amores nos muros da América do Sul.

Thursday, May 05, 2011

Livro Sob o Azul do Céu. Selo Povo.Sarau da Fundão!


Mais uma noite de lançamento do Livro Sob o Azul do Céu.Coleção Selo Povo.
Dia 12 de maio(quinta-feira) no Sarau da Vila Fundão.

Sarau da Vila Fundão.
Rua Glenn s/n-Travessa da Av. Sabin -Próximo ao metrô Capão Redondo.
Horário : A partir das 19 horas.

Tuesday, May 03, 2011

Onde Está Você?



  
Onde está você?
Que esqueceu seu prato
Ainda quente sobre a mesa do jantar
Que amou um cantor de blues
E dançou nua sob a luz do luar

Onde está você?
Que deixou seu amor
Esperando com uma flor na mão
Que saiu de casa e não lembrou
De desligar o fogão
Onde está você?
Que alimentou nossos sonhos
Que guiou pela contramão
Que chorava de saudades
Escrevia poesias e tocava violão
Onde está você?
Onde está você?
Que ninguém mais viu
Que ninguém mais vê
Você que desfilou num carnaval
Que protestou na capital
Buscou exílio no Nepal
Mas na verdade, de verdade
Só queria ser feliz
Onde está você?

Cara de Bandido

http://youtu.be/damTVO3u-cc

Thursday, April 28, 2011

Colombiana

http://mais.uol.com.br/view/2azz6tsgntm4/tecora--colombiana-04023964D0915326?types=A&

Clip com música da banda do Capão Redondo.

Tuesday, April 26, 2011

Sob o Azul do Céu.Livro Selo Povo



Sob o Azul do Céu.Livro Selo Povo

À venda!

Thursday, April 14, 2011

Aniversário Coopermusp!

Hà um ano inauguramos nossa sede.
Agora vamos fazer uma grande festa e você é nosso convidado!

Thursday, April 07, 2011

O Que Está Acontecendo Com a Gente?


Foto internet
O que nos faz correr tanto atrás de tão pouco?O que nos faz abandonar amigos, família, por coisas que sabemos, não nos farão mais felizes.O que buscamos com nosso vício, nossa má vontade, nossa preguiça?
Também não tenho certeza, mas acho que é a pressa, pressa de ser feliz, pressa de ser perfeito, belo e genial.
Estamos abandonando o bom senso, preocupados com os índices de alta ou baixa da Bovespa, preocupados demais com as taxas de juros.
Não temos tempo de lembrar das baixas taxas de afeto e carinho que temos dedicado aos nossos filhos.Também não estamos preocupados com os altos índices de maldade que espreitam nossos jovens em cada esquina de cada cidade.
Estamos muito preocupados com quem será o próximo dirigente da nação, o próximo deputado, o próximo senador.Mas as ruas continuam se enchendo de órfãos e as cadeias cada vez mais lotadas de solidão e ódio.
Estamos pouco preocupados com a vida, matamos todo dia, pouco a pouco nosso futuro.Dias atrás mataram um pouco do nosso futuro numa rua no bairro da Saúde, um tiro na cabeça.O futuro tinha dezenove anos e estava vindo da faculdade...
Ontem perdemos mais um pouco do futuro, aos dezessete anos Natália, se matou ao ingerir grande quantidade de remédios controlados. Natália era amiga de minha filha.Fico pensando em quanta dor e incerteza deveria haver em tão jovem coração.
Nosso futuro está comprometido, nosso futuro está sem rumo, nosso futuro é vitima de um tempo em que um carro vale mais que uma criança. Natália tinha os olhos lindos e tristes...
O que está acontecendo com a gente?
Marcos Teles

Onde Encontrar?

Livros Selo Povo

Tuesday, March 15, 2011

Wednesday, March 09, 2011

Cachaça Brava





 Imagem:Internet

Larga logo dessa vida João
vai procurar o que fazer
Teus meninos estão em casa
estão procurando o que comer
Dona patroa aturdida
puta da vida com você

Sai da porta do boteco João
acha um jeito pra viver
Sua barriga avantajada
mostra bem quem é você
mais um bebum de pé inchado
só acorda cedo pra beber

Deixa logo dessa vida João
vê se planta pra colher
Trem da vida vai passando
e ele vai te atropelar
A história nunca perdoou
quem se sentou pra reclamar

Tua cabeça tá à prêmio João
não vale um litro de dendê
Fila do inferno vai crescendo
já tem reserva pra você
e o capeta tá sorrindo João
esperando pra brindar
essa tua alma de otário
que viu na porta de um bar.

Tuesday, March 08, 2011

Zé Azul do Rio de Janeiro


   
Zé Azul do Rio de Janeiro


    Me lembro bem de como vim parar aqui. Foi depois de uma briga com meu pai. Meu pai? Meu pai era um homem violento e espancava todos em casa por qualquer motivo. Era proibido olhar no rosto de meu pai, ele não gostava. Meu pai não sorria, não chorava, nunca demonstrava emoção alguma, era impassível. Nunca o compreendi direito e confesso que também nunca quis fazê-lo.
    Meu pai bebia muito, aí as coisas ficavam um pouco piores. Humilhava minha mãe, dizia-lhe impropérios, ofensas e constantemente, agressões físicas.


    Foi em uma noite de São João que saí de casa.

    Meu pai estava descontroladamente bêbado. Estávamos em volta da fogueira na casa do Biquinha, na Rocinha, era uma festa agradável. Todos bebiam, dançavam forró e pareciam felizes. Aquela gente fazia questão de manter a tradição que traziam de suas cidades do nordeste.
    De repente sem nenhum motivo, como de costume, meu pai se levantou, dirigiu-se até a cadeira onde minha mãe estava sentada e deu-lhe um soco violento no rosto. Minha mãe caiu e meu pai ainda a chutou na barriga.
    Meu sangue ferveu, meus olhos se encheram de fúria e meu coração de ódio. Um ódio vivo e cristalino. Com o pedaço de madeira que eu estava alimentando o fogo, desferi-lhe um golpe na cabeça. Meu pai caiu na fogueira e não conseguiu se levantar.
    Algumas pessoas correram pra socorrer minha mãe, outras meu pai, eu fique ali, sem rumo, sem falar nada.
   Coloquei o pedaço de madeira na fogueira, dei um beijo em minha mãe e saí andando.

   Nunca mais voltei pra casa. Nunca mais fui a mesma pessoa. Carrego na alma um pouco de culpa, de revolta e principalmente solidão.
  Vivo nas ruas usando roupas feitas de saco de lixo azuis. Me chamam Zé Azul.Sou o Zé Azul do Rio de Janeiro.
  Sobrevivo desde então, comendo sobras que me dão. Durmo nas marquises, nas praças, nas praias e onde me for conveniente. Não cobro nada da vida e a vida nada me cobra também.
  Sofro demais com minha opção de viver por aí... Principalmente pelos meus iguais. Irmãos e irmãs de rua, cada um com sua resposta pra sua condição. E são tantas histórias, histórias de violência, doença, vícios e desistência.
  Não luto por mais nada, não quero nada além do próximo resto de comida como refeição.
 Sou só, caminho só, durmo só, choro só também. Não aceito dividir esta minha dor de existir. Ela é só minha e de mais ninguém.

  Passo os dias olhando as árvores que mudam de lugar todas as noites. Homens, mulheres e crianças que passam o dia nos parques e se recolhem a noite pra morrer um pouco.

  A Arlete morreu ontem. Arlete era uma andarilha com problemas mentais. Foi estuprada e morta por um bando de meninos que pararam um carro embaixo do viaduto em que ela dormia. Acho que ela nem sofreu muito. Nós que vivemos desta maneira aprendemos a morrer calados sem chamar a atenção.

  Passo meses sem pronunciar palavra alguma. Não tenho o que dizer, nem tenho quem me escute. Acho que não precisamos usar as palavras, usamos nossos olhos solitários.
 Tenho que confessar que morro de medo da noite. Ela me assusta, vejo fantasmas em todos os cantos. Quando durmo e consigo sonhar, vejo imagens de minha casa. Vejo sempre a casa vazia, não há ninguém nela. É vazia como meu coração.

   Não entendo como ainda nascem pessoas nas ruas todos os dias. E já nascem com várias idades, alguns até já nascem velhos e caquéticos. Outros tantos nascem bem vestidos, mas nascem todos mudos.
   Não tenho mais vontade de sair dessa condição. Me sinto livre, porém, me sinto só. É uma solidão sem fim, sem dor, sem sentido algum, apenas solidão. Nem triste, nem dolorida, apenas e tão somente solidão. Aprendi a me proteger da noite, dos fantasmas do passado, aprendi a me proteger de mim. 

   Meu coração joguei na fogueira, naquela noite de São João, junto com minha ira, meu ódio e minha emoção. Sou o Zé Azul, o Zé Azul do Rio de Janeiro. É assim que chamam nas ruas. Sou só, caminho só, durmo só. Os caminhos que percorro me ensinaram que não devo fazer escolhas. É só dizer sim e não. É só procurar a luz da lua nas ruas vazias do Leblon e ver o sol nascer por trás das pedras do Arpoador, e sempre antes de todos.

  Não sei por que motivos, passei em frente a casa no morro em que vivi.Meu pai estava sentado na porta, de cabeça baixa.Vi que chorava. Sei que não me reconheceria nessas roupas de sacos de lixo. Lá dentro da casa tenho certeza de ter ouvido alguém pronunciar meu nome. Ouvi alguém dizer: “- Lylian”.