Marcos Tecora Teles

Marcos Tecora Teles

Wednesday, September 30, 2009

FESTA DA COOPERATIVA!


DOMINGO DIA 04 DE OUTUBRO
COOPERMUSP APRESENTA
NO GALPÃO NIGHT
SHOW´S COM :
ALVORADA
BANDA TECORA
OS GUERREIRO´Z
SONEN
PERIFERIA PONTO C
BDR
SÔNIA PEREIRA
SOM D´ZION
NA COMPRA DO INGRESSO VOCE CONCORRE A UMA
MOTO HONDA FAN 125 OKM.
VALOR DO INGRESSO 10 REAIS PREÇO ÚNICO
LOCAL : GALPÃO NIGHT CLUB
ESTRADA DE ITAPECIRICA
PRÓXIMO AO SUPERMERCADO LOPES
INFORMAÇÕES LGUE : 5812-4824

Wednesday, September 16, 2009

Minha Primeira Vez




Muitas coisas na vida a gente aprende com a família.Outras com os amigos e muitas outras tantas aprendemos com nossos professores.
Quando criança,antes mesmo de entrar para a escola, minha avó me ensinou a juntar as letras. O mais engraçado é que ela não era totalmente alfabetizada.Minha avó me mostrava figuras nos livros e simulava a leitura. Solenemente ela fingia entender os textos,eu acreditava...
Quando cheguei à quinta série, conheci Dona Wilma. Ela era uma mulher bonita,de cabelos claros.Usava grandes óculos e tinha ar aristocrático.Já conhecíamos sua fama de professora exigente,durona e para muitos,claro,chata.Muitos desses adjetivos eram verdadeiros, porém,havia um outro que eu descobriria tempos depois.
Dona Wilma era professora de Língua Portuguesa e tinha orgulho do que ensinava.
Minha história de cumplicidade com minha professora começou no dia em que ela nos apresentou um texto de Érico Veríssimo, intitulado O Gaúcho.Ela nos mandou ficar em silêncio e ordenou que lêssemos devagar.No outro dia nos mandou novamente ler o mesmo texto,mas desta vez em voz alta.E assim passaram-se alguns dias,até que ela nos separou em grupos e pediu para que cada grupo lesse um trecho do texto.
Como um maestro rege sua orquestra, ela ia nos guiando pela história contada por Érico.
Sem perceber estávamos dentro dos pampas,viajando no lombo dos cavalos.Tocando boiadas.Respirando o cheiro da chuva na terra molhada . Vestindo bombachas.Comendo suculentos churrascos e sorvendo o chimarrão quente.
Ela nos fazia respirar nas vírgulas e respeitar os pontos finais.No começo, escorregávamos nas estrofes,nos atropelávamos nos hifens,mas sempre encontrávamos novamente o caminho nas reticências...
Quando percebi, estávamos interpretando e sentindo através daquela leitura, o poder que também tem a palavra escrita.
Finalmente ela achou que estávamos prontos para enfrentar novos desafios.E estávamos...
Surpreendentemente numa tarde,já quase no final da aula, ela saiu da sala e pouco tempo depois voltou com a diretora da escola,Dona Nadir.Dona Wilma pediu que ficássemos de pé e que lêssemos para nossa diretora.
E nós lemos...
O silêncio da sala foi quebrado com o ritmo surdo de cada palavra que saía de nossas bocas infantis. Com cada respiração, às vezes lenta ,às vezes mais acelerada, à maneira que sentíamos cada emoção que era expressa no texto.
Dona Nadir,de olhos fechados segurava as mãos de nossa professora, como se estivesse voando sob os pampas gaúchos e com medo de perder para sempre aquele momento.
Quando terminamos a leitura,fez-se novo e demorado silêncio.Dona Nadir abriu os olhos e víamos que não escondia algumas lágrimas.Me lembro perfeitamente do ela disse à nossa professora.Ela disse que aquele era o maior troféu para quem ensina.

Sou um apaixonado pela arte e devo isso à Dona Wilma. Muito do que me tornei, devo a tudo que ela me ensinou.E a agradeço pela insistência,pela paciência que teve com cada um de nós.E temos certeza que ela deixou marcas indeléveis no caráter de quem teve o privilégio de ter sido seu aluno.

Dona Wilma Alvarenga de Oliveira faleceu em um acidente de automóvel no dia 10 de outubro de 1986, na Via Dutra.
Hoje em dia,quando passo em frente a escola que leva o seu nome,faço sempre uma reverência.

Dona Wilma era verdadeiramente uma grande artista e dominou como poucos a arte de ensinar.

Friday, July 24, 2009

Wednesday, June 10, 2009

Aos Amigos,Muito Obrigado!

Imagem:Internet

Cada um de nós é como uma onda.Onda que o oceano leva de um lado à outro. E seguimos sendo empurrados pela brisa e enfeitiçados pelo brilho encantador das estrelas.
Às vezes queremos ser vento ,às vezes queremos ser nuvem.Queremos sempre ser um pouco de cada coisa ao mesmo tempo...E aprendemos a amar sem ninguém nos ensinar.
Encontramos pessoas pela vida afora e começamos a dividir nossas frustrações,nossos desencantos e também nossos delírios, e essas pessoas nós chamamos de amigos.
E são esses amigos que nos fazem prosseguir, como o vento soprando a nuvem.
Porque os amigos compram e pagam a vista os nossos sonhos,financiam nossas loucuras.
Nada do que queremos ser,seremos sozinhos.Porque é preciso dividir com alguém o peso nos ombros,a carga na alma , a lágrima e também o sorriso.
Sonhamos em transformar o mundo, porém, cada um de nós tem seu mundo particular.E não podemos ajudar a transformar o mundo de quem assim não o queira.
Mas sempre podemos mudar nossa casa e nossa rua.Podemos mudar o mundo cuidando uns dos outros.

Precisamos aprender a nos responsabilizar por todos,cuidando dos nossos filhos e dos filhos do nosso vizinho também.
Às vezes queremos ser vento,às vezes queremos ser nuvem,mas às vezes também queremos ser rochedo. Porque o rochedo é como sonho,não envelhece nunca.
Porém,muitas vezes queremos ser tempestade, somente pra poder varrer as ruas e alamedas por onde os sonhos dos nossos amigos irão passar...

Wednesday, May 13, 2009

Tecora Base - Cinque

Quando os europeus aportaram na costa africana
E convenceram irmãos a venderem irmãos
A troco de migalhas e falsas promessas
Não sabiam o destino que estavam traçando sem querer ou saber

Milhares de seres humanos
Guerreiros,chefes de tribos,agricultores e até reis
Todos pais,mães e filhos arrancados a ferro e fogo
De suas terras e de suas raízes
Enjaulados nos porões imundos dos navios de carga

Jogados entre os assassinos e os ratos
Vítimas de estupros e todo tipo de violência
Mães desesperadas se jogavam com seus filhos ao mar
Homicídio ou eutanásia?
A história nunca vai explicar

Aprisionados no Porto de Lomboko
Dias de dor no transporte para Havana ou Nova Iorque
Carne humana, forte e barata exposta nos mercados
Para ser vendida à vista.

Com a intervenção da Marinha Britânica
O longo processo do Amistad, defendido por John Adams e Cinqe
Que acabou gerando a Guerra de Secessão americana
A primeira vitória do povo negro em uma corte

Dos cânticos nas colheitas de algodão
O samba, o rock´n roll
O jazz, o rap e o baião
As paredes psicodélicas de Basquiat
Os escravocratas sem saber
Espalharam a cultura africana pelo mundo

Hoje até a igreja pede desculpas
Por ter sido conivente com a escravidão
Pede desculpas pelos séculos de silêncio
Quem vai pagar por toda dor e humilhação?
Mas estamos aí por todo canto
Com nossa verdade e nossa cultura
Nosso orgulho de afrodescendente.

Salve todos os mártires do povo negro
Assassinados pelas brutalidades das correntes,dos porretes e dos pelourinhos
E que com seu sangue traçaram nosso caminho até aqui.

Saturday, April 04, 2009

MANIFESTO REVOLUCIONÁRIO

Manifesto Revolucionário

O mundo precisa de uma revolução.Sem batalhas e sem sangue.Não uma revolução qualquer.Não uma revolução com ricos comprando todo o poder, nem com pequenos tiranos dando golpes de estado e transformando povos e nações em zumbis.
Precisamos de uma revolução verdadeira,que nasça do coração de cada homem,mulher e criança da terra.
É preciso uma revolução de gentileza,de boa vontade,de bondade e respeito.
Precisamos cuidar dos pobres da terra.Precisamos tratar as doenças e elas são tantas.Doenças que nascem da desilusão,da solidão,da ignorância,do vício e da inveja.
Sonhamos mudar o mundo a maneira de cada um de nós,mas é impossível, só podemos começar a mudar o mundo da sala de nossas casas,cuidando de nossas fraquezas e de nossas indiferenças.
Precisamos aprender a respeitar a infância e a velhice.Precisamos parar de envenenar nosso alimento e nossa bebida.
Precisamos aprender a respeitar os diferentes de nós.Todos temos milhões de defeitos,mas temos que aprender a buscar o que há de melhor em cada um.
Precisamos parar de correr sem rumo.Corremos sem sentido algum.Comemos depressa demais.Trabalhamos depressa demais.Amamos depressa demais.Nossa vida está perdendo o sentido.
Precisamos parar um pouco para contemplar o infinito e ver o brilho mágico das estrelas.
Precisamos lembrar que temos pedido demais e oferecido muito pouco.Estamos muito preocupados em juntar coisas e entupimos nossas vidas e nossas casas com bugigangas que nunca vamos usar.
Precisamos perder um pouco a vergonha.Perder a vergonha de dar bom dia,boa tarde e boa noite.Precisamos perder a vergonha de dizer muito obrigado,por favor, com licença.Precisamos perder a vergonha de sorrir,perder a vergonha de dizer eu te amo.
Os ricos da terra precisam olhar para a África e a América Latina.Precisam parar de ver esses povos apenas como mercado futuro.
Precisamos ajudar na educação,ensinar a ler e escrever.Precisamos ler mais poesias.Precisamos ouvir mais músicas.Precisamos nos emocionar mais.É preciso um pouco de lágrimas de satisfação.Porque já choramos demais nossas derrotas de todo dia.
Precisamos parar de escravizar os trabalhadores.Porque quando se escraviza um homem, rouba-se dele o que ele tem de mais sagrado,seu suor e seus sonhos.
Precisamos abandonar nossa inveja,achar que o que é do outro é sempre melhor do que o que é nosso.
Precisamos de uma grande revolução.Precisamos fazer deste mundo um lugar razoável,um lugar onde um homem possa cuidar do outro sem medo,sem ódio e sem preconceito.

O mundo precisa de uma revolução.Uma revolução em busca de felicidade.E isto é possível,sim!


Banda Tecora – Capão – Brasil
São Paulo,Abril de 2009

Monday, March 23, 2009

Em Quatro Dias - Álbum de fotografias em branco



11/01/2003

“A vida nas drogas é um álbum de fotografias em branco”.
“Não vejo nada, não respeito sentimentos, me faz pensar que todos a minha volta são meus inimigos. Me faz acreditar que meus amigos são aqueles que estão juntos na hora da “doideira” e que meu único e verdadeiro amigo é o cara que está ali pra me vender a droga”.

“ATOS E REAÇÕES, ANTES E DEPOIS”

“Quando quero usar um “barato” e tenho dinheiro, fico nervoso, impaciente, arranjo sempre uma desculpa pra me livrar de quem está a minha volta de qualquer jeito, sem tomar conhecimento do que pode acontecer ou sem consciência de que estou magoando alguém, machucando os sentimentos de quem me ama.
Na hora em que estou “good”, tenho certeza que não tenho medo de nada, me acho o melhor, o inatingível, minha coragem é infinita para fazer qualquer coisa, seja o que for, sem me preocupar com as consequências de onde isso pode me levar, se posso ou não prejudicar outras pessoas.Quando estou “muito louco”, não tenho medo de nada nem de ninguém”.

“USO PRA FUGIR DOS PROBLEMAS”


“Quero parar de usar, mas o problema é que sinto falta da “adrenalina” e não tenho como explicar.
Quando estou sóbrio me sinto com medo de tudo e de todos, o meu relógio biológico fica mais agitado, é difícil me controlar.
Sei que cada um “doente” tem um tipo de reação, uns ficam mais violentos, outros são meigos e outros “vegetam”, não sei se vão me entender, mas acho que tudo está estampado nos jornais ou nas tv´s, como o caso da menina que matou os pais.
Tem pessoas que fazem loucuras por dinheiro, pela droga.
Vou dormir agora, está me dando sono, amanhã continuo”...

12/01/2003

“EM BUSCA DE AJUDA”

“A presença da família e das pessoas que estão sempre prontas a me socorrer, me ajudam a suportar um pouco as fases difíceis da falta.
O grande problema é quando tenho algum dinheiro, aí fica quase impossível me controlar, por que sei onde encontrar o que procuro, as coisas novamente fogem do meu controle e me desespero.
Mas com muito esforço consigo sossegar e aos poucos vai ficando tudo calmo, não é fácil, mas vou me acostumando com a falta da sensação que a droga me proporciona”.

“COMO ME SINTO”

“Neste instante estou calmo, não sinto a falta, mas também não sei explicar.
Quando vem a paranoia da abstinência (não sei como ela surge), vem mais forte, como um furacão. De repente, vem uma força, talvez do além, algo muito maior que eu e me ajuda a suportar a dor na alma. Mas junto também vem um medo absurdo, me sinto fragilizado, inseguro, me sinto doente. Não me permito ficar perto de ninguém, tenho vergonha de minha fraqueza, sei que todos observam minha aflição”.

“OS OLHOS DOS OUTROS”

“Não sei, mas sinto que todos me olham diferente, me olham com medo, com desconfiança, e tudo isso dói muito, dói fundo, machuca e deixa feridas como um corte de navalha. É tudo sem explicação...”

13/01/2003

“QUANDO ESTOU SOZINHO”



“Quando fico sozinho em casa recomeça a crise, ela vem sempre mais forte, avassaladora, parece incontrolável, angustiante e sinto como se todas as pessoas que vão chegando em minha casa quisessem me fazer mal, penso que elas só vieram me condenar, me agredir e sinto que não tenho ninguém pra me proteger, fico aflito, esperando um socorro qualquer pra me livrar dessa doença, desse mal sem cura”.

“A AFLIÇÃO”

“Queria explicar como é essa aflição. Só sei que me sinto frágil, sensível, qualquer coisa ou pessoa me deixa assustado, me desespero por não saber como agir”.

“DE ONDE VEM O MEDO”

“O medo surge do nada, como um vento forte, uma tempestade. Vem sem avisar, de repente”.
Mas primeiro vem a “fissura” pra se usar a droga, mas não está tão difícil mais suportar, mas o medo não dá para controlar, fica quase impossível ver alguém ou mesmo conversar com pessoas as quais não tenho certa afinidade.
Vou segurando a onda pra tentar superar mais esta crise de hoje, neste momento estou em crise, com muito medo, agora é meio-dia, essa é a pior hora ,mas estou conseguindo suportar, não tenho dinheiro aqui comigo, isso é ruim e bom ao mesmo tempo, porque se tivesse dinheiro seria mais difícil me controlar e fugiria sem ninguém perceber.

“COMO EXPLICAR A CRISE”

“A vontade de me drogar, vem e vai.
Vem fraquinha e vai ficando cada vez mais forte, às vezes passa rápido, quando passa por um longo tempo, volta bem forte, mas me sinto seguro quando estou com meu pai e minha mãe ao meu lado, me sinto protegido.Mas mesmo assim, ainda me dá agonia”.

14/01/2003

“Mais um dia de luta, mais um dia de vitória”.


“A LUTA PRA VENCER A ABSTINÊNCIA”

“Essa é uma luta sem vencedores e sem derrotados.
Porquê? Quando sinto a falta da droga, fico procurando coisas no chão, penso que o remédio pode ser qualquer coisa pra me deixar “legal”. Por um instante, deixo me levar pelo impulso, procurando desesperadamente pela droga, mas logo passa e penso até que ponto chega a “noia”.
Esta doença é sem controle, me deixa sem horizonte.
Mas estou vencendo dia após dia, hoje estou me sentindo mais forte e tenho certeza que vou conseguir me curar”.

Ângelo Endo

São Paulo, janeiro de 2003.






O que você acabou de ler é um relato na primeira pessoa, um pedaço de um diário de um jovem como tantos na sua luta contra o vício.O diário de Ângelo Endo, nascido em São Paulo em janeiro de 1976.
Seu vício começou na época em que fazia o ensino médio, começou dando uns “pegas” num “baseado”, depois foi experimentar drogas mais fortes e por fim viciou-se no crack.
O vício o fez enveredar pelo mundo do crime, se envolveu em estelionatos, roubos e assaltos, era o famoso ”piloto de fuga”.
Chegou a ser baleado numa dessas fugas.
Sua família se empenhou ao máximo para recuperá-lo, quando ele escreveu esse pequeno diário estava encarando a realidade e decidiu se curar. Estava em tratamento, tomando remédios para controlar a abstinência e pediu para ser internado numa clínica de recuperação.
Como sua internação já estava acertada, pediu a seu pai para que o levasse até a casa de praia. Ângelo queria ver o mar. Seu pai assim o fez.
Chegando lá, seu pai o mantinha sob vigilância dia e noite, sabia que se o deixasse sair Ângelo iria ao encontro das drogas. Na praia o acesso é mais fácil.
Numa noite, seu pai,já exausto, adormeceu, Ângelo pegou a chave do carro que seu pai escondera embaixo do travesseiro e saiu.
Seu pai acordou e percebeu que Ângelo não estava em casa, saiu desesperado para encontrar o filho, foi em vão...

Avisou os familiares e acionou a polícia, alugou até um barco para procurá-lo no mar e nos canais, depois de longo tempo só encontraram o carro queimado, sem nada ter sido levado. O desespero cresceu e se tornou agonia.
Sem esperanças de encontrar o filho o pai de Ângelo retornou para São Paulo, mas logo recebeu um telefonema, eram os policiais informando que encontraram um corpo e que ele retornasse.
Assim foi feito, com o coração na mão, torcendo para que o corpo encontrado não fosse o do seu filho.
No coração de um pai, sempre sobra uma esperança.
O corpo encontrado era o de Ângelo. Num canal, amordaçado, com os pés e as mãos amarradas, preso por galhos, nem um bala foi gasta para matá-lo, foi torturado e e morto com pancadas na cabeça.
Ângelo Endo foi assassinado em fevereiro de 2003 em Peruíbe, litoral de São Paulo.
Na sua luta pra se livrar da doença, queria ver o mar.

A vida nas drogas é sim, um álbum de fotografias em branco.



Cássia Lara e Marcos Teles

Thursday, February 12, 2009

OS SINOS DA REDENÇÃO

Cansamos de viver refugiados em nosso país
Cansamos de ser apenas pontos nos mapas dos partidos políticos
Nós não saímos em colunas sociais
Nós somos tímidos, somos temidos
Somos anjos com caras de bandidos

Nós somos um povo que ainda canta
Que se emociona e se espanta
E se espanta com o esquecimento e a humilhação
Nós levantamos antes do sol
Já perdemos muito tempo sonhando

Queremos derrubar o muro social
Exigimos nossa parte do pão
Não somos coitados nem indigentes
Exigimos respeito e o direito de sermos cidadãos

Cansamos das promessas
Cansamos da televisão
Que mostra apenas modelos magrelas
Bundas e playboys baby Johnson
Cansamos da propaganda venenosa
E das novelas que mostram um outro planeta

Queremos outra realidade
Queremos mais responsabilidade
Não queremos esmolas, a sobra da festa
Não precisamos das mansões e dos carrões
Nós exigimos respeito, exigimos educação

Somos o outro lado esquecido da história
Somos mestiços, negros e amarelos
Não pensem que carregamos o mal do mundo nas costas
Porque nosso orgulho é tudo que nos resta

Cansamos de andar de cabeça baixa
Cansamos de apanhar calados
Cansamos dos seus discursos inflamados
É que nós somos da periferia
Dos novos campos de concentração
Tenha certeza com nossa voz
Ainda faremos soar os sinos da redenção.

Nós somos tímidos, somos temidos
Somos anjos com caras de bandidos

Sunday, January 04, 2009

A Vida é Sempre Um Filme Sem Final Feliz



 Imagem: Internet
 
Viver é uma grande aposta.Não escolhemos o lugar onde nascemos nem a família que temos.Sabemos apenas que vivemos em um filme.Com mocinhos e bandidos.Um longo filme com dramas e comédias.Às vezes com efeitos especiais,mas cada um de nós com sua história particular.
Nem sempre é fácil viver uma boa história,são tantos fatores em contrário.Um pouco de solidão,um pouco de ódio,uma imensidão de paixões, toneladas de egoísmo e tantos outros sentimentos reunidos em nossos corpos tão pequenos e frágeis.
Nós humanos temos a incrível capacidade de fazer o próximo sofrer.Passamos a vida pregando falsas ideias,acreditando em coisas sem lógica alguma.Passamos a vida inteira buscando esperança para algo que sabemos bem onde vai dar.
Queremos tudo e sabemos que nada é pra sempre.Como o filme que tem tempo para acabar.Desejamos que nossa história seja sempre um longa - metragem.E isso nos faz mesquinhos,perversos e sanguinários.Podemos envenenar as boas amizades no começo do filme.No fim,podemos jogar crianças de janelas,atirar em homens e mulheres com bebês no colo.Temos a incrível capacidade de chorar nossos mortos e não nos incomodar com os mortos dos outros.
Não adianta pedir paz ou compreensão,estamos todos  preocupados em ganhar o próximo “Oscar” com nosso filme particular.
Corremos,corremos e o final já conhecemos bem,ninguém viverá feliz para sempre.