Marcos Tecora Teles

Marcos Tecora Teles

Friday, May 31, 2013

Contos Eróticos Infantis - A Moça Mais Bonita e o Dia Em Que Fui Herói



Quando adolescente, fui trabalhar no Itaim-Bibi,na fábrica de sapatos de um parente. Eu ainda era praticamente uma criança, e claro,muitas coisas eu ainda não entendia.
Ao lado da fábrica havia dentre outras coisas, uma oficina de chaveiro,uma oficina mecânica,um estúdio fotográfico e uma lanchonete.
Todos os dias ao cair da tarde,reuniam-se ali na lanchonete, praticamente todos os homens daquele pedaço da Rua Bandeira Paulista. Formou-se ali um verdadeiro “Clube dos Cafajestes Tupiniquim”.Como não podia deixar de ser,os assuntos eram os mais variados,desde a final do campeonato até a última “beldade” na capa da revista Ele & Ela. Óbvio também, que nunca ficavam de fora os comentários sobre as mulheres que passavam por aquela parte da rua.
Sem perceber eu também passei a fazer parte do “clube”.Participava das conversas,bebia cerveja e até me arriscava em algumas “cantadas”.

Agora é que “ela” vai entrar na história

Ela passava todos os dias em frente a lanchonete,sempre no mesmo horário,levava uma criança para uma escola na Rua Pedroso Alvarenga. Ela trabalhava em uma casa de família na Rua Urussuí. Seu caminho era ir pela Rua Bandeira Paulista e voltar pela Rua Tabapuã.
Quando ela surgia carregando a criança pela mão,era o momento de maior “tensão” no “clube”.
Ela era linda,o sonho de todos os marmanjos que se reuniam na lanchonete do Zé Pinto. Quando ela passava,dirigiam-lhe todo um dicionário de elogios,pediam-lhe em casamento,assovios e outras tantas coisas que nem posso citar neste texto. Quase todos os dias a cena se repetia.
Ela seguia impassível,sabia do poder de encantamento que exercia sobre aquela turba de “desocupados”.Não esboçava reação alguma,nenhum gesto,um mínimo sinal de sorriso,caminhava altiva e serena,impávida e colossal.
Depois que ela passava seguiam-se os comentários;alguns diziam que ela já estava “no papo”,que era questão de dias para conquistá-la,outros faziam apostas apara ver quem a conquistaria primeiro.
Os dias,os meses seguiam e nada acontecia. Ela continuava passando,o “clube “ se alvoroçava e ela desaparecia na esquina. Novamente comentários e apostas.

Da queda ao heroísmo

Eu estava lá, sozinho na porta da fábrica,sozinho na rua,pronto para ir embora quando de repente, ela surgiu na esquina. Meu coração quase escapou boca afora. Ela vinha se aproximando,como numa cena de filme romântico,parecia caminhar em câmera lenta. Quando passou por mim tive coragem e mandei um Psiu!.Ela caminhou alguns passos ,virou-se e voltou em minha direção. Daquela boca sensual soou a pergunta que me jogaria no fogo do inferno da vergonha:
- O quê você quer comigo menino?
Fiquei mudo,sem saber o que responder. Como não havia pensado no que dizer depois do psiu,balbuciei tremulamente:
-Nada não...
-Tudo bem.
Ela falou e se foi.

Como diria Mark Twain ;as cortinas da vergonha caíram sobre essa cena...
Para minha sorte, não havia testemunhas para essa fracassada e imbecil tentativa de conquista.

A partir deste dia passei a me esconder dela,quando era a hora dela passar,eu corria para os fundos da fábrica e inventava algo para fazer.
Essa estratégia em esconder minha vergonha não durou muito tempo. Numa tarde de novembro,sem que eu sequer imaginasse,os agentes do destino conspiravam para minha redenção. Ela surgiu radiante,vestia uma minissaia branca,tinha os cabelos molhados e parecia desfilar.
Aquela hora o"clube” estava mais cheio do que nunca,havia mais membros,até o delegado estava lá.
Tentei me refugiar,não deu tempo,ela sorriu e parecia olhar para mim. Ela passou pelo “Clube dos Cafajestes”,aproximou-se de mim e surpreendentemente lascou um beijo em minha face rubra. Ela sorriu e falou:
-Oi menino bonito.
Fiquei estático,como um objeto inanimado e olhando pra ela indo embora...

Depois que ela se foi,todos correram em minha direção. Muitos gritavam vivas, outros já preparavam os rojões, alguns já pensavam em chamar os bombeiros para um desfile em carro aberto.
E assim me tornei o herói do “clube”.


Ah! Ela? Não a vi mais. Soube através de pessoas da Favela da Funchal, que ela engatou um tórrido romance com o japonês do estúdio fotográfico. Mas ainda guardo uma lembrança,uma foto dela em cenas picantes numa página de uma revista erótica.